Esses seres microscópicos estão cada vez mais perigosos. Mas o que eles são e quais sintomas disparam no corpo?

Fungos que habitam nosso corpo
Boca: ambientes quentes e úmidos são o habitat ideal dos fungos. Alguns vivem em paz ali, mas outros aprontam – caso do Candida albicans, que pode causar o popular “sapinho”.
Intestino: a microbiota não é composta só de bactérias. Há muitos fungos por lá. Existem aqueles, porém, que, ao se proliferar em excesso, provocam desconfortos e prisão de ventre.
Pele: um estudo americano identificou mais de 500 mil espécies na pele humana. A parte que abriga o maior número delas é o pé, onde os micro-organismos se alojam nas unhas, entre os dedos…
Genitais: em condições normais, fungos da espécie Candida albicans habitam as partes íntimas sem causar danos. Mas, fora de controle, despertam coceira e vermelhidão – marcas da candidíase.
Temos inclusive muito o que agradecer aos fungos. Graças ao Penicillium notatum, o cientista Alexander Fleming (1881-1955) descobriu o primeiro antibiótico da história, a penicilina. Na gastronomia, eles são essenciais para fabricar queijos, pães e vinhos. Na agricultura, usados no controle de pragas.
A maioria é invisível a olho nu. Mas tem os cogumelos, outros membros do reino Funghi, que até podem ser comestíveis. E, no outro extremo da escala, o Armillaria ostoyae, ou cogumelo-do-mel, que vive sob o solo de uma floresta americana e ocupa uma área equivalente a 1,2 mil campos de futebol – é o maior ser vivo do planeta!
Das espécies microscópicas conhecidas, apenas umas 50, pelos cálculos do infectologista Jamal Suleiman, do Instituto Emílio Ribas, em São Paulo, provocam doenças. “Os fungos são oportunistas por natureza”, define.
Para Carlos Taborda, presidente da Sociedade Brasileira de Micologia, as enfermidades fúngicas, embora tão sérias quanto as bacterianas, ainda são negligenciadas. “O Brasil não dispõe de um sistema de vigilância de fungos capaz de identificar precocemente o C. auris em todo o território”, exemplifica.
Apesar dos pesares, não há motivo para pânico geral, na visão do infectologista Arnaldo Colombo, diretor do Laboratório de Micologia da Universidade Federal de São Paulo. “A disseminação do C. auris não é um problema para pessoas saudáveis ou para a maioria dos atendidos em consultórios ou ambulatórios do SUS.” O cuidado, sim, deve ser redobrado com pacientes internados em UTIs ou submetidos a procedimentos invasivos.
Entre as regras de prevenção contra o ataque dos fungos em geral, ensina a microbiologista Francis Borges, da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), estão lavar as mãos, não compartilhar objetos de uso pessoal, enxugar bem partes do corpo pouco ventiladas e não ficar com calçados fechados por muito tempo. “O arsenal terapêutico para doenças fúngicas é menor do que o disponível para as bacterianas”, avisa. Convém se precaver.
Doenças que os fungos podem causar
Conjuntivite: na maioria dos casos, a inflamação e a irritação dessa estrutura do olho são provocadas por bactérias. Mas fungos podem se instalar ali e demorar para ir embora.
Micose: causada por mais de 100 espécies, aflige pele, unha e couro cabeludo. Áreas pouco ventiladas são as mais vulneráveis. O tratamento inclui pomadas e comprimidos.
Candidíase: pode atormentar homens e mulheres, e em vários locais do corpo. Os casos mais corriqueiros têm a ver com os genitais, onde causa coceira, ardência e inchaço.
Meningite: a inflamação da meninge, membrana que envolve a medula espinhal e o cérebro, é bem séria e pode ser causada pelo fungo Cryptococcus.
Pneumonia: pacientes soropositivos, oncológicos ou imunodeprimidos são os mais propensos a contrair o tipo mais raro e agressivo de infecção nos pulmões.
Infecção intestinal: embora seja menos comum, fungos também podem se alastrar no aparelho digestivo e complicar a situação ali. O tratamento é emergencial.
Pé de atleta: é transmitido por contato direto com a pessoa infectada pelo fungo Tricophyton ou com superfícies contaminadas em praias, piscinas e banheiros. Dá uma coceira…
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