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  • Writer's pictureClínica Medical Center

Mitos e verdades da amamentação


Aos 15 anos, a agente de turismo Kellen Lopes, 34 anos, mãe de Henrique, 8, e Heitor, 4, fez uma mamoplastia para redução das mamas. Na época, não foi informada sobre a influência da cirurgia na amamentação: caso os ductos mamários (por onde passa o leite) sejam cortados no procedimento, dependendo da técnica escolhida pelo cirurgião, há chances de a mulher não ser capaz de amamentar. O que Kellen descobriu apenas quando se tornou mãe. “Eu tinha leite, mas saía pouco, mesmo com a ordenha. Por causa disso, ele ‘empedrou’. Só amamentei por um mês”, lamenta. Já na segunda gestação, após pesquisar sobre o tema, ela resolveu massagear a região para ajudar a “soltar” os ductos. “Além disso, eu estava mais segura. Amamentei o Heitor até os 5 meses, com complemento”, conta. O menino ainda usou o peito da mãe como aconchego para dormir até Kellen engravidar novamente – ela está na 35ª semana. O que mostra que a informação faz diferença, sim!

Os desafios são muitos e dos mais diversos, como os de Kellen. Mas a boa notícia é que o Brasil está avançando nesse cenário. De acordo com a OMS, em 1986, somente 2% das crianças brasileiras de até 6 meses eram alimentadas exclusivamente com leite materno. O número saltou para 39% em 2006 e, atualmente, estacionou em 40%. Entre as mães que responderam à pesquisa da CRESCER, a prevalência é significativamente maior, 71%. “O trabalho desenvolvido por governos e sociedade para promover o aleitamento, envolvendo os profissionais da mídia e da saúde e incentivando boas práticas hospitalares, além de conscientizar a população sobre os benefícios do leite materno, gerou esses índices positivos”, diz o pediatra Roberto Issler, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da SBP. E acabar com os mitos que rondam a amamentação é um dos primeiros passos. A seguir, Issler e a enfermeira obstetra e consultora de amamentação Silvia Briani, do Pediatria Coletiva (SP), esclarecem os principais.


Não existe leite fraco Pelo contrário. Ele é considerado um alimento “vivo”, pois sua composição se modifica a cada mamada para atender às necessidades do bebê. Além dos nutrientes, possui anticorpos que fortalecem a imunidade da criança.


Você está produzindo o suficiente Como o leite vai direto para a boca do bebê, não há como medir a quantia que ele consome. Isso pode deixar algumas mães inseguras. Alguns sinais de que está tudo bem: cocô e xixi normais, curva de crescimento em dia, bebê feliz! Fique sabendo, ainda, que a produção está diretamente relacionada à sucção (que estimula as glândulas mamárias). Ou seja, quanto mais o bebê mama, mais leite a mãe produz. Mas ainda assim, caso sinta que a sua produção está diminuindo, observe se você está tomando água (cerca de dois a três litros diários) e descansando o bastante. E atenção às crendices populares: cerveja preta não ajuda a produzir mais leite!


Os benefícios continuam após o sexto mês A amamentação exclusiva é indicada até os 6 meses, quando tem início a alimentação complementar, sendo que o aleitamento pode ser mantido até a criança completar 2 anos ou mais. E as vantagens alimentares continuam: cerca de 20% das necessidades proteicas dela serão supridas pelo leite nessa fase.


Você pode comer de tudo A princípio, não há restrições. A alimentação da mãe nessa fase deve ser equilibrada e priorizar comidas naturais. Ao suspeitar que algo provocou algum desconforto no bebê, suspenda o alimento por alguns dias e reintroduza-o mais adiante, para ter certeza. Estimulantes em excesso, como café, chocolate e chá-verde, podem deixar o bebê mais agitado.


Ele não precisa de água Enquanto seu filho estiver só no peito, estará hidratado o suficiente e não terá sede. Chás, sucos e outras bebidas, aliás, podem atrapalhar o aleitamento, ao competir com o leite materno.


Os seios podem mudar, sim Mas não só por conta da amamentação. Tem a ver com hormônios, ganho ou perda de peso e idade. E se uma mama ficar maior do que a outra? Isso pode acontecer se o bebê mamar mais de um lado, porém, a simetria volta ao normal após o fim do aleitamento.


Fonte: Revista Crescer


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